terça-feira, 3 de agosto de 2010

Filhos.

Eu vou escrever pra você o que eu sempre quis dizer,
nessa carta que talvez você nunca vá receber.
Me desculpe desde já por favor e tente
entender a minha letra que a lágrima borrou.

Hoje é quinta-feira o dia tá nublado.
Nem fui pra escola, perdi a hora, acordei zuado.
Trancado aqui no quarto vejo os albuns de retrato de
como parecia que a gente era feliz.
Uma foto de nós dois abraçados e depois
outra de um aniversário de alguns anos que fiz.

Então começei a recordar a nossa história
tudo o que vivemos juntos em nossa trajetória.
Muitas glórias, muitas crises, vários planos.
Tempos felizes de uma familia em poucos anos.

Lembro perfeitamente até posso sentir as cocégas que
você fazia pra fazer eu rir.
Como ficava quando eu tirava 10 na escola e me
levava pra empinar pipa e jogar bola.
Quando me perguntava o que eu queria ser quando crescer,
eu dizia que queria ser como você.

Que simplesmente era o meu super-herói e que
deixou muita saudade no meu peito que dói.
É tipo assim, peço por favor tente me entender quando
ouvir a música que a gente fez pra você.

Sonhei, nunca faz mal sonhar.
Busquei, alguém pra me espelhar.
Achei, um Deus um pai, meu Rei.
Meu respirar.

Quando eu me lembro você saindo naquela porta
As forças dos ombors eu pedindo "papai volta?"
As lágrimas caindo dos meus olhos você enxugou,
pegou-me no colo me deu um beijo e me abraçou.

Você prometeu pro meu irmão que voltaria pelo menos
uma vez por semana e nos levaria.
Pra matar a saudade, passear na cidade de repente
isso seria bem melhor pra gente.
No começo foi realmente assim...
É, quase assim...

Acho que você sabe que foi duro pra mim, ou pra nós...
Acho que não, você sumiu.
Nem viu sua filha cresceu, foi rápido, nem sentiu.
Foram poucos telefonemas pra matar quem nos matava...
No final sempre com um beijo me dizia que me amava.

Ouvia uma voz de nenem lá no fundo
Eu sabia que você encontraria,outro mundo,
Alguem para concorrer o amor que eu tanto sinto por você
e que por telefone eu nao sei dizer.

Mas de que vale o amor se o senhor não tá aqui
pra eu poder te abraçar, te beijar e sorrir
Não sou mais aquela criança contente,
nem você aquele pai tão presente.
É tipo assim...
Peço por favor tente me entender...
Quando ouvir a musica que a gente fez para você.

Eu fui crescendo, vendo meus colegas onde eu morava
que tinha um pai em casa mais não valorizava.
A quem dera se eu tivesse essa oportunidade de ter
você aqui comigo no domingo a tarde.
Pra me esinar a dirigir e dividir comigo tudo que você sabe
e ser o meu melhor amigo.

Mas não, foi minha mãe quem fez o seu papel.
Ensinou-me a ser homem, nunca me deixou ao léo.
Ela disse que o amor não pode viver com a mágoa é
como o ditado do óleo que não junta com a água.
Que é necessário eu te amar e esquecer todo passado, de que
vale o amor se você não está aqui do nosso lado?
Mas eu te amo e isso me dói aqui dentro e gostaria
de mostrar com atitudes o meu sentimento.

Os filhos sempre são os que sofrem mais,
com a separação dos pais.


Ao cubo.